terça-feira, 2 de junho de 2009

As noticias não foram as que esperava. No fundo quis-me preparar para um possibilidade certa, mas tal não fui capaz. E ontem não consegui conter toda a emoção e desgosto que isso me provocou. Incapaz de encarar os meus pais, refugiei-me nos papéis manchados pelas lágrimas que teimaram em cair. A imensa revolta que tinha adormecida no coração acordou. É este o país que se nos apresenta, onde quem tem poder tê-lo-à sempre. Onde toda a relevância é medida sobre a importância que constituímos. E no fundo tenho a certeza absoluta que se tivesse acontecido a alguém dito importante não teria estes muros altos à sua volta. De mãos e pés atados o meu corpo ainda se movimenta, a minha cabeça ainda pensa e o meu coração nunca dormirá como dormiu um dia. E amparada num cigarro, no parapeito da janela da cozinha, a olhar o local onde crescemos de mãos dadas, jurei chorosa ao nosso pai que tudo faria para mudar as injustiças. Nesta nossa história longa, da qual deixamos de recear o fim sabendo que tal nos leva ao teu encontro. Preparada para noites longas, perguntas sem respostas e respostas que me podem cravar o coração, mas sem as quais não serei capaz de seguir em frente. E fá-lo-ei por mim, pelos nossos pais e por ti. Principalmente por ti que tão grande presença tiveste neste mundo tão pequeno. Tu conheces-me. Sabes que não sou injusta. Não sou e orgulho-me disso. E com essa certeza passo noites em claro à procura duma orientação que nos leve a uma recta. E procuro apoio em quem mais amo e nunca me desamparou apesar de todos os rumos que a vida nos fez seguir. Recebemos o que nunca esperei receber e temi pela nossa mãe. Todos os dias temo receber algum telefonema. As forças escapam-lhe e enche-me o coração de tristeza cada vez que tenho que a ir buscar para casa. Recebemos o que nunca esperei receber, um duro golpe a quem tenta encontrar paz.

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