domingo, 19 de abril de 2009

Os vinte e cinco anos chegaram. Sem surpresas, sem esperança, sem ti. Não encontrei forças e as lágrimas insistiram. Fiz tudo para esconder a minha alma dos nossos pais. Eles, de quem sempre nos orgulhamos em voz alta, por seu lado fizeram tudo para me protegerem da tristeza, embora saiba o quanto choraram em silêncio. Recordarei para sempre quando em Março de 2008, após uma discussão tonta de irmãos e da qual me arrependo até hoje, tu para me atingires me disseste num tom furioso " E fica já a saber que nunca mais te vou dar os Parabéns". Sabias que nesse dia partia para Lisboa e não voltava para o meu aniversário. Ainda hoje te ouço a dizer-mo. Magoado comigo, caprichoso e ao mesmo tempo carinhoso. E demonstraste esse afecto ao escolheres atingir-me com algo que à vista dos comuns mortais parece tão simples. Chorei de raiva, mas sorri no coração. O que te havias de lembrar.. O meu aniversário chegou um mês depois e com ele um dia em que andei a mil. Ligaste-me uma única vez. Eu atendi mil telefonemas mas por causa do trabalho não consegui atender apenas uma chamada e a mais importante, a tua. Tu não voltaste a ligar embora tenhas dito à mãe que sim. Ninguém, além de ti, teve noção da tristeza que me ia no coração quando à noite jantei com os amigos eternos daquela Lisboa que tanto gosto. Um ano passou e os Parabéns voltaram a não chegar. Este ano falar no meu aniversário matava-me. Meu Príncipe, houve tantas coisas que me disseste que pareciam anunciar que te chamavam para longe de mim. Essa foi uma delas, e inexplicavelmente foi das frases que mais me lembrei nas horas seguintes à Tua partida. Não me voltarias a dar os parabéns. Tu, que eras quem mais amava nunca mais me enviarias mensagens a desejar felicidades com um amo-te em remate. Não, tu não me mandavas os beijinhos habituais. Vinha um amo-te irmã, simples, sofisticado e eterno, que tive a felicidade de guardar. Daqueles que me escreveste na fita académica. Até nesse vulgar gesto marcaste a diferença. Enquanto todos escreveram as habituais dedicatórias, tu do alto de todo o teu ser, do fundo de toda a tua elegância que se confundia com uma simplicidade genuína falaste-me em Deus. O Bruno trabalhador, stressado, amigo, divertido, borgueiro, rebelde e luz de todas as festas tinha uma relação muito profunda com Deus, que mesmo eu irmão,que tão bem te conhecia, por vezes não encontrava explicação. E admirava-te por isso. Nunca tive nem tenho reticencias em dizer o que me vai na alma, e por mais estranho que possa soar sempre achei essa tua ligação a Deus muito especial. E sabes querido, é nisso que me tento agarrar. Tu eras especial. Sempre to disse. E di-lo-ei sempre. E todos os anos, no dia 11 de Abril olharei para o céu, e soprar-me-às os Parabéns. Porque a nossa ligação é eterna.

2 comentários:

Gisela disse...

Minha querida...

Nem quero imaginar o teu sofrimento... deixaste-me com os olhos cheios de lágrimas...

Beijinhos e muita força...

P.S. Quando olhares para o céu irás ver uma estrela mais brilhante que as outras, acredito que será o teu irmão a dizer "Amo-te irmã"

Suspiro do Norte disse...

Beijinho minha querida