O sol esconde-se no horizonte. As ondas leves surgem, arrastam consigo segredos e memórias. As minhas, trago-as no coração. Reconheço-me nos meus pensamentos e por momentos desejo fazer um delete. Temporário apenas. Que me permita uma gargalhada sincera. Só uma. Sinto falta do ontem. Sinto falta de olhar este mar ao anoitecer e pensar apenas no amanhã. Sabe-me a passado, um passado tão presente quanto longínquo, que me magoa a alma a cada luar. As gargalhas na mesa ao lado fazem-me falta. Tenho saudades daqueles jantares em família, sempre tão nossos. Tenho saudades dos cigarros à janela após cada refeição. O som dos talheres nunca mais foi o mesmo, o arrastar das cadeiras também não. Hoje sofro pela perda desses jantares e desses sons. Hoje sofro pela imagem que tenho a cada final de jantar. Enquanto filha tornei-me fiel à palavra protecção e disfarce. Tento a todo custo minimizar tão grande perda. Enquanto Irmã não consigo esconder o que me vai na alma. Há perdas que não fazem sentido. E são estes dois papéis que se alteraram para sempre e aqueles que foram cravados com a palavra nunca. O mar, esse continua imponente e seguro. O maior confidente.
1 comentário:
Há mesmo perdas que não fazem sentido...e o que mais custa é que por mais que se queira voltar ao normal,não se consegue...como me identifico contigo quando dizes " uma gargalhada sincera "....que saudades. As vezes ainda penso que tudo não passou de um pesadelo e que vou acordar e tudo vai estar como antes, mas não...e isso fere-me o coração e a alma de uma maneira tão profunda...Beijinhos S.V.
Enviar um comentário