quinta-feira, 9 de julho de 2009

O jantar teve que ser adiado. Novamente. Sabia que o L. iria caprichar no jantar e a R. no bem receber. Sabia que a ocasião merecia um sorriso nos lábios. Sorriso que não conseguia ter. O dia foi difícil, com todos os meus nervos a querem manifestar-se. Não fizeram fila, quiseram pular todos duma só vez, não respeitando o meu bem-estar. Ontem percebi-Te. Entendi todas as vezes que não sorrisTe, que dissesTe não ser fácil. Que o Teu dia-a-dia não era simples. Não era. Não é para mim agora. E não Te tenho para me acalmares e me indicares o caminho. Os pequenos percalços do sonho que construíste surgem por vezes em catadupa. Há dias assim. Dias em que o simples se faz complicado, que transforma uma viagem em três e quatro. Dias em que a paciência nos escorre das mãos e o grito se solta da garganta. Alto, fugaz, compreensível. E hoje relembro cada má-disposição Tua. Cada cara má que em segundos , inexplicavelmente, dava lugar a um sorriso como que compreensivo. Como dizias, às vezes tem que ser. Só assim funciona. E também nisso sou igual a Ti.Tão depressa perco o controlo como o recupero. O equilíbrio não foge, esconde-se por vezes. Mas o meu corpo tem que libertar as dificuldades. E vai-se manifestando numa febre interior que me grita a necessidade de me acalmar. Olho para os nossos pais e sorrateiramente esquivo-me. Subo aquelas escadas que descias de forma tão própria e refugio-me no Teu quarto. Não quero que vejam as duas lágrimas em mil. O milhão de dores que tenho por tamanha ausência. Não quero que vejam o quanto me custa o seu sofrimento. Às escuras percorro a casa silenciosa. O meu coração disse-me que algo se passava. Quero ajuda-los mas faltam-me as forças. Ponho a melhor cara que consigo e até a febre desaparece, não me posso deixar vencer. Prometi-Te que cuidava deles, embora sejam eles que o fazem comigo. O sono foge-lhes e a dor arrasta a nossa mãe. O estômago manifesta-se e não a deixa descansar. O tempo pára para mim. Aquela visão mata-me. A nossa mãe doente e o nosso pai, carinhoso e meigo, com as lágrimas a saltar, ajuda-a. Faço tudo para os proteger e ajudo-a a deitar. A vontade de gritar é maior que tudo. Porquê a nós? Porque Deus decidiu levar quem mais amávamos?. A noite longa e solitária faz-me companhia. De quando a quando ouço por trás da sua porta. Lá fora as ruas estão desertas. O silêncio apodera-se do nosso lar. Tu apoderas-te dos meus sonhos. Tenho muitas saudades Tuas. Tantas que nem consigo respirar.

2 comentários:

Vanita disse...

Ainda bem que tens este blogue para desabafar. Custa tanto ler. Espero que te ajude a libertar parte da dor...

Beijo enormeeeeeee

Suspiro do Norte disse...

Sim querida, confesso que é dos poucos momentos em que consigo soltar um pouco do que sinto..

Obrigado plo carinho..

Beijinho grande