segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

do silêncio que incomoda...

Quando recordo os anos que vivi em Lisboa, é inevitável não relembrar os momentos que tinha só para mim. Passava horas sozinha. E gostava. Muito. Sempre soube que isso terminaria com o meu regresso a Matosinhos. Porque é a minha terra. Porque tenho sempre onde ir, muitos amigos por perto, a família a dois passos e uma pessoa conhecida a cada esquina. E os telemóveis. A minha eterna guerra com os telemóveis. Se naquele dia 31 de Agosto (2008) me dissessem que passados três anos estranharia o silêncio da minha casa, certamente soltaria uma gargalhada.  Mas a verdade é que, nos poucos momentos silêncio total, dou comigo a ficar impaciente, incomodada. Está certo que a vinda do Piolhinho ofereceu à minha alma uma ideia de companhia eterna, mas o que me atormenta é quando dou comigo numa casa muda, isenta de sons, penso que é uma tristeza estarmos aqui os três neste apartamento, e os meus pais tão novos, sozinhos naquele casarão enorme. Magoa-me pensar que eles se possam sentir sós. E este sentimento não me permitiu mais desfrutar do silencio, da mesma forma que outrora. Custa-me sabe-los sofrer e não puder lutar contra o destino. Pudesse eu, e enchia-lhes a casa de crianças, de netos, de amigos, assim.. num jeito meio tonto, mas muito sincero, de quem lhes quer tão bem..ainda que de mãos atadas.

2 comentários:

Unknown disse...

é a lei da vida ... tenho um amigo que diz que os filhos são-nos emprestados, que num piscar de olhos fazem-se às suas próprias vidas ... mas é muito bonito esse sentimento pelos teus pais ... espero que eles o sintam ;)
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S* disse...

Ninguém se devia sentir sozinho, nunca. Uma coisa é a solidão momentânea, outra é a solidão de alma.