terça-feira, 12 de maio de 2009

A vida tem fases más e fases péssimas. Não deveria ter mas tem. E se por vezes nos é permitido virar costas e tentar fingir que nada se passa, outras é-nos impossível faze-lo. Porque está presente no nosso pensamento a cada segundo que passa. Porque o tempo não volta atrás e arrasta consigo saudades doentias que matam. Todos os dias. Porque há sempre algo que torna pior o péssimo e não deixa o coração repousar. Porque o que está pendente não tem solução à vista embora todos os dias me esforce para que sim. Em busca de respostas que não tenho e que não sei mais onde busca-las, esta semana tem sido particularmente dura e agoniante. Porque todos os dias tento poupar os meus queridos pais e não consigo, embora faça tudo que sei e posso. Mas o passado anda sempre um passo à minha frente e o futuro ainda vem lá longe, tornando o presente terrivelmente dilacerante. E todas as vezes que digo e escrevo o quanto gostaria de os proteger não chegam para diminuir o grito silencioso que trago no peito. Saber que nunca mais serão os mesmos, que agora não vivem apenas sobrevivem mata-me. A sua morte levou parte de quem era, de quem fui. E levou parte dos nossos pais. E andamos assim. A tentar proteger-nos mutuamente, com o coração a sangrar pela sensação que o tempo cruel não pára,corre sempre e que nunca nada mais será como foi. E todos os dias, ao amanhecer, ao anoitecer vejo um pai protector a limpar as lágrimas para que a sua filha não o veja chorar, incrédulo, sempre à espera do que sabe não voltar, sempre à espera do amanhã mas com o passado no coração. Com a vã esperança que lhe devolvam o filho que tanto ama.E todos os dias vejo uma mãe a quem amparo o choro e calo os gritos, sempre na janela à espera Dele. Sacrificada por uma vida que já não lhe pertence e que da forma mais monstruosa lhe tirou quem mais amava. E depois surgem os momentos que calcam ainda mais o coração ferido. A procura de respostas e soluções que não podem esperar. Porque o tempo é mesmo assim. Cortante, corrido e traiçoeiro. E no pesaroso silencio da noite, quando é dado algum descanso às nossas almas magoadas, o meu coração contorce-se. Porque sinto a Sua falta e não consigo conceber a minha vida sem Ele. Porque o silêncio e o luto que se instalou no nosso lar, sem ser sequer convidado, mata e mói. E todos os dias penso o que sentiria se Deus tivesse levado alguém que eu gostasse muito. E revolto-me com a vida. Não estava eu preparada para ver partir alguém que gostasse muito. Muito menos estava eu preparada para perder quem mais amava e que fez de mim quem sou hoje. Quem mais amava na vida.
Amo-te irmão. Como sempre. Para sempre.

1 comentário:

S* disse...

Quando entro aqui no teu blogue e olho para a foto dele, dá-me sempre um aperto no coraçao. A minha irma... nem consigo imaginar viver sem ela.