O dia amanhece e o relógio biológico desperta-me. Os olhos ainda mal abriram, o meu corpo ainda está adormecido e já estou ao telemóvel. Geralmente, primeira chamada do dia: Luís. Certificar se a equipa está coordenada. Apartir daí é um suplicio pois detesto falar ao telemóvel. Chamada do Luís, ligação para o técnico e outra para o electricista. Volto a falar com o Luís mas entretanto um de nós tem que desligar pois há um cliente a querer falar. E assim o dia inteiro. Depois há sempre as mensagens praxe das amigas que nunca me desampararam. Que vêm sempre há mesma hora. Sempre com o mesmo carinho. Depois são as chamadas para e do Landinho. Hoje quase a descontrolar-me de tanto que me falou em praia e mais praia e mais bronze. E mais isto e mais aquilo e mais a brisa do mar. Está assim proibido de me ligar até logo. Durante o dia não descanso se não falar com os meus pais, principalmente com a mamã, sempre atenta às suas idas ao cemitério num esforço, nem sempre conseguido, de tentar ir ao seu encontro pois receio o que possa acontecer. Depois vêm mais 234499 chamadas de trabalho e hoje pelo meio um telefonema para uma amiga, assim um tou e apenas isso, seguido dum desabafo silencioso, daquele que vale por mil palavras, no qual cada lágrima é uma palavra, uma frase, um grito de desespero por tudo inconcebível e inesperado que magoa e me corta o coração. No entretanto o outro telemóvel toca. Um rápido obrigado querida e um não te preocupes comigo, para em 2 segundos voltar à Áurea de todos os dias, sem a voz tremida ou réstia de soluços. Para mais uma chamada e outra, e mais uma mensagem que ficou por responder.
Sem comentários:
Enviar um comentário