segunda-feira, 14 de março de 2011

São opções

No sábado não saí à rua para me manifestar. A essa hora estava a trabalhar. Podia ter adiado, podia optar por não trabalhar aos fins-de-semana mas não me posso dar ao luxo de dispensar trabalho. Não concordo com o rumo que o país leva. No fundo, sinto que as PME's estão a pagar a factura que este país deixou vencer. Se me limito a fazer o que me dá prazer? Não. Se faço alguns trabalhos que facilmente dispensaria? Claro. Licenciei-me numa área que nada tem a ver com a qual trabalho. Concluí o curso conciliando-o com um trabalho numa loja. Sei que por vezes ganho 80 quando deveria cobrar 120. Mas a afamada crise está na boca de toda a gente e mais vale ganhar algum que nada. Devo semanas de férias a dois ao meu marido. Ofereceram-nos uma semana nas Caraíbas e estou reticente em me ausentar nesta fase. Devo-lhe tempo a dois. Para compensar, sempre que ele pode dá-me uma mão na empresa. Pelo menos lutamos pelo mesmo. Prescindimos de momentos de lazer em busca dum futuro risonho para nós e para os nossos. Não acredito na governação do nosso país, mas por vezes dou comigo perplexa quando ouço algumas pessoas a reclamarem, com os braços no ar, donos do mundo. Pagava para ver algumas pessoas a governar. A crise impõe-se. Os restaurantes continuam cheios, os shoppings também. Cada um refugia-se da crise como mais lhe convém. Uns nas esplanadas, de cigarrinho na boca, outros a trabalhar vinte horas seguidas, se tal for preciso.

5 comentários:

Lux disse...

Não podia concordar mais com este post.
Eu também, e apesar de não estar a trabalhar, não me associei à manifestação.
Claramente que acredito que as coisas estão mal, mas, quando olho à minha volta, vejo que os jovens, que tanto se queixam, recusam trabalhos, andam de carro e os bares e discotecas estão sempre cheios.
Agora tenho uma posição relativamente confortável no trabalho, mas para isso passei por recibos verdes, por mais de uma ano e meio sem férias (na verdade muitos mais, porque ia mudando de trabalho) e todos os dias dou o litro para manter e alcançar mais do que o que já consegui.
O que eu vejo é o Bairro Alto e as galerias (no Porto) a abarrotar, de jovens com cerveja na mão...
Tenho pena sim, dos reformados, com reformas de trezentos euros, valor bem menor que muitas das mesadas que alguns jovens recebem...

Gostei do blog.
Vou andar por aqui.

xoxo
Lux

Nokas disse...

Lá está...são opções!!

M. disse...

Não podia concordar mais contigo e com a Lux. Eu não estou à rasca mas para aqui chegar percorri um caminho duro. Um curso bem difícil. Enquanto as minhas amigas que foram à manifestação estavam na praia todo o verão, eu passava-o a estudar para exames escritos e para orais. Um estágio bem longo e ingrato em que primeiro não ganhava nada e depois pouco ganhava. E quando finalmente consegui uma posição mais confortável, e a ganhar minimamente bem, apliquei todo o meu dinheiro numa pós-graduação e agora num mestrado. Continuo a trabalhar e a estudar pois, ao fim de todos estes anos. E enquanto as minhas amigas se manifestavam andando pelas ruas e gritando por uma vida melhor eu passei a tarde de sábado a estudar, também por uma vida melhor. Concordo que as coisas têm que mudar. Mas se esperam que indo para a rua gritar isso aconteça, estão errados. É preciso arregaçar as mangas e por a mão na massa. E não estendê-la para que lá ponham aquilo a que achamos que temos direito.

Rosarinho disse...

amei, fabuloso mesmo, estou a seguir :)

Pedro disse...

Eu costumo dizer que a crise é o refúgio dos preguiçosos.

Beijos